Palmeiras o Paulista dos anos 70 e o motivo da dispensa de Rivellino do Corinthians em 74

O Palmeiras e o Campeonato Paulista dos anos 70


Em 1970 a Sociedade Esportiva Palmeiras dá início a montagem de um elenco que ficaria marcado para história deste glorioso clube.

Quem não teve a oportunidade de ver a Academia Palmeirense ao vivo tem pesquisar para saber porque este time marcou época. O Palmeiras reuniu jogadores como Leão, Luiz Pereira, Dudu, César, Ademir da Guia e outros craques que dominaram os campeonatos existentes na primeira metade dos anos 70.









Em 1971 o Palmeiras contratou Leivinha vindo da Portuguesa que se transformou no artilheiro do clube com 105 gols. 

O verdão era respeitado como uma verdadeira seleção, tanto que em 1972 conquistou os cinco títulos dos campeonatos que disputou.

Se não bastasse em 1973 ganhamos o bicampeonato nacional para coroar este time maravilhoso.


Palmeiras comemora o título Paulista de 1974 contra o Corinthians que amarga jejum de 20 anos

Em 1974 o Palmeiras conquista o campeonato paulista um dos títulos mais comemorados da história alviverde. Este título é muito festejado até hoje por ser diante do arquirrival Corinthians, que vivia um jejum de títulos a vinte anos.






Apesar de ser criança este dia ficou marcado em minha vida por ter perdido uma pessoa conhecida quando participávamos de uma partida de futebol. 

Palmeiras e Corinthians decidiriam o Campeonato Paulista na tarde de 22 de Dezembro de 1974, e os amigos da época marcaram um jogo de manhã em uma comunidade no sítio perto de onde morávamos.

Se a tarde daquele dia nos reservava muitas alegrias, o mesmo não posso dizer do que viria a acontecer naquela fatídica manhã.

Começou a partida e a bola rolava pelo campo de terra um tanto úmido pelas chuvas que ocorriam na época. A bola estava no nosso campo de defesa, quando percebemos que um jogador do time adversário caiu do outro lado do campo sem a bola e sem ter ninguém por perto. Todos corremos em sua direção, inclusive dois de seus irmãos que também participam da partida.

Na corrida em direção ao jogador que se encontrava no chão um de seus irmãos, o Joãozito, foi um dos primeiros a chegar de forma apavorada. 

Por mais rápido que fosse o socorro todos nós percebemos que nada poderia ser feito pelo Arnaldo, que num último instinto juntava suas mãos com o intuito de comunicar-se com Deus, procurando alívio a seu sofrimento. Um de nossos amigos chamado Jair ainda tentou puxar seus braços, porém seus olhos já denunciavam que naquele corpo já não existia mais vida. 

O Arnaldo estava morto para desespero dos amigos e seus irmãos que ali se encontravam. Houve comoção e princípio de choro entre os atletas. Apesar de ser adversários no campo todas as pessoas que ali estavam se conheciam, por que éramos todos vizinhos e pequenos sitiantes da daquela pequena comunidade. 

Apesar da tristeza pela perda do amigo aquela se tornaria uma das tardes mais felizes da minha vida com a vitória do verdão em cima do Corinthians por 1 x 0 gol de Ronaldo.

No Morumbi tinha mais de 120 mil torcedores sendo que a maioria esmagadora era de corintianos que tentavam empurrar seu time para sair do jejum de 20 anos. O Corinthians vinha forte para a decisão e contava com um elenco difícil de ser batido, com o goleiro Buticce, Zé Maria, Tião, Brito, Ademir e Wladimir, Vaguinho, Lance, Zé Roberto, Rivellino e Adãozinho. (Foto abaixo)
























Más o Palmeiras do eterno técnico Osvaldo Brandão foi superior durante toda a partida que com a maestria de Ademir da Guia, Dudu e Leivinha comandavam o espetáculo em cima do traumatizado Corinthians de Rivellino.

Com um solitário gol de Ronaldo aos 24 minutos do segundo tempo o verdão calava a torcida corintiana no Morumbi. Se ouvia apenas o canto da apaixonada torcida palmeirense "zum zum zum é 21" se referindo a mais um ano sem título do adversário que chegaria ao jocoso número 24.





























Roberto Rivellino é dispensado pelo Corinthians depois
da derrota para o verdão em 1974

  

A vitória Palmeirense fez com que o presidente corintiano Vicente Matheus se visse pressionado e teve que negociar um de seus maiores ídolos Roberto Rivellino. Rivellino foi taxado como culpado e saiu do clube magoado sem nunca ser reconhecido pelos feitos anteriormente.


LUIZ PEREIRA CONSOLA RIVELLINO NO TÉRMINO DA PARTIDA

A vida prega algumas peças que nunca vamos entender. Rivellino nasceu de uma família Palmeirense que por obra do acaso foi parar no Corinthians. Quando jovem fez testes no São Paulo e foi dispensado. Posteriormente passou pelo Palmeiras más as oportunidades com técnico das categorias de base nos coletivos foram raras.

Um dos diretores do Corinthians em uma ocasião observou o garoto Roberto Rivellino em um treino e ficou encantado. Más alguém o alertou “Este não adianta nem você querer levar para o Corinthians, porque ele é Palmeirense, sua família toda torce pelo Palestra."

Sem oportunidade de treinar no verdão e mostrar seu talento, Roberto Rivellino com seu temperamento forte acabou sendo aproveitado no Corinthians, apesar dos laços fraternos que sentia pelo Palmeiras. 

Rivellino se tornou um dos maiores ídolos do Corinthians, porém somente ganhou títulos de pequena expressão. A meta corintiana na época era buscar o tão sonhado título paulista. E chegaria a oportunidade de realizar seu sonho. 

Porém esta oportunidade era diante do poderoso Palmeiras, mesmo assim Rivellino começou a dar uma série de declarações polêmicas antes da final com o Palmeiras em 22/12/1974.

“Não adianta nada ser Campeão Brasileiro, tem que ser Paulista, e não seria a mesma coisa ser Campeão Paulista por outro clube, tem que ser pelo CORINTHIANS.” Roberto Rivellino, Placar/1974.

“Talvez porque a gente esta esperando este título há 20 anos, se eu parar sem esse título vou sentir um vazio na minha vida de jogador.” Roberto Rivellino, Placar/1974.

“Até já sonhei com este título, me vejo carregado, puxado por todos os lados, vejo a galera contente, rindo, e é essa mesma gente pobre, sofrida, que tem ido nos aplaudir esse tempo todo”.Roberto Rivellino, Placar/1974.

Felizmente para nos Palmeirenses as premonições de Rivellino não se concretizaram e o Palmeiras se revelava mais uma vez o algoz do Corinthians, ou seja, de sempre tirar o doce da boca da criança. E assim se perpetuou o derby paulista, até hoje os corintianos são nossos fregueses e já mandamos eles para casa mais cedo em duas Copa Libertadores da América. 

Neste dia Roberto Rivellino deixou a delegação no Morumbi e como um zumbi foi embora a pé lamentado o título paulista perdido e dando continuidade ao jejum corintiano.



Palmeiras Campeão Paulista de 1976

O Campeonato paulista de 1976 marcou pelas brigas pelas primeiras posições até as últimas rodadas entre times do interior e Palmeiras de Ademir da Guia. Guarani, XV de Piracicaba e América de São José de Rio Preto eram fortes e muito difíceis de serem batidos em suas casas.

Porém o Palmeiras em 28 partidas disputadas perdeu apenas a primeira para a Ponte Preta fazendo uma campanha memorável e digna de histórica comemoração. Porém hoje pouco se fala deste título por ele também é referência ao jejum que ali se dava início de 17 anos sem novas conquistas.  

08/08/1976 – PALMEIRAS-SP 1 x 0 XV DE PIRACICABA-SP – CAMPEONATO PAULISTA
Estádio Palestra Itália – Parque Antártica – São Paulo / SP – Brasil – Público: 40.283 pagantes e não pagantes – Renda: Cr$ 777.915,00
Árbitro: Romualdo Arppi Filho (SP)
Palmeiras (São Paulo/SP): Leão, Valdir, Samuel, Arouca, Ricardo, Pires, Ademir da Guia, Edu, Jorge Mendonça, Toninho, Nei – Técnico: Dudu
XV de Novembro (Piracicaba/SP): Doná, Volmil, Fernando, Elói, Almeida, Muri, Vágner, Pitanga, Nardela (Capitão), Benê (Paulinho), João Paulo – Técnico: Dema
Gol: Jorge Mendonça (Palmeiras), 39 min primeiro tempo



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